Não pensem vocês que seja bisbilhoteiro, ou não tenha mais o que fazer neste Outro Lado da Vida.
Acontece que, simplesmente, eu estava passando e as palavras deles, inadvertidamente, vieram parar em meus ouvidos.
Como acredito que, talvez, semelhante diálogo lhes possa ser útil, dei-me ao imenso trabalho de prestar atenção no que estavam dizendo um ao outro, com o intuito de lhes transmitir a sua essência.
- Há quanto tempo?! – disse o primeiro ao segundo, após se cumprimentarem. – Você saiu lá do Centro e não disse nada... É verdade que, inclusive, mudou de cidade?!...
- Sim, agora estou morando fora de Uberaba. Não tive tempo de avisar a vocês de minha mudança e nem de lhes dar maiores explicações...
- Não há de quê! – exclamou o primeiro, sem que o segundo lhe tivesse pedido desculpas. – Compreendo como são estas coisas...
- Estive com vocês por quase 20 anos...
- É verdade, é verdade! Dirigia a reunião e era o orador oficial de seu dia... Pena que, de repente, tenha ido embora!
- Tive que acompanhar a esposa... Você sabe como é: os filhos do primeiro casamento dela moram lá...
- Suponho, no entanto, que ainda esteja frequentando algum Centro, não?!
- Olha, tentar, eu até que tentei.
- Como assim?! – insistiu o primeiro.
- Procurei um Centro e me ofereci como palestrante...
- Você se expressa muito bem.
- Mas eles não quiseram me dar espaço – explicou o segundo, desencantado. – Disseram que, antes, eu precisaria fazer um curso...
- Um curso?!
- Falaram que, no passado, deixaram um orador desconhecido assomar a tribuna e foi um desastre...
- Acontece.
- Cheguei a dizer a eles que me submeteria a um teste!
- A um teste de oratória e conhecimento doutrinário?! – perguntou o primeiro, não acreditando no que escutava.
- Mas nem assim e, então, eu fui embora... Estou em minha casa, lendo alguns livros como sempre, e meditando. A gente não pode parar, não é?!
- Não, não pode e nem deve!
- Se não dá de um jeito, tem que ser de outro...
Os dois confrades se despediram e eu fiquei a pensar com os meus botões: por que motivo esse nosso irmão de Ideal, em vez de se oferecer para falar no Centro Espírita, não se ofereceu para nele trabalhar, ocupando-se de uma tarefa qualquer, por mais simples que fosse?!
Por que, recém-chegado a um grupo novo, ele não se preocupou em demonstrar primeiro que era bom com uma vassoura nas mãos?!
Por que, como dizia Chico Xavier, ele não procurou recomeçar do zero, dando mostras de sua boa vontade aos companheiros que, com razão, sem conhecê-lo, se espantaram com a sua reivindicação inicial?!
Por quê?!...
Ah, vocês sabem de uma coisa?! Eu devo mesmo estar ultrapassado, ou ter ficado sem paciência demais para lidar com certas situações terra-a-terra...
Primeiro é esta história de curso, com a qual eu não concordo – daqui a pouco haverão de instituir cursos nos Centros Espíritas até para se proferir uma prece para quem esteja desencarnando...
Segundo é a falta de discernimento deste irmão, que, afinal, acabou indo colher muito longe o que plantou muito perto – abandonar, sem a menor satisfação, uma atividade que, por quase 20 anos, era exclusivamente sua!...
Infelizmente, no Espiritismo está cheio de gente assim: se oferecendo para falar e fugindo de trabalhar!...
Uberaba – MG, 20 de setembro de 2011.
Escrito por Dr. Inácio Ferreira às 05h25
Sugestão de publicação: enviado por Borba, via grupo Evolução 5M, no dia 20/07/2011.
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